Demonstrações Contábeis

Depreciação: O Que é e Quais os Principais Métodos para Calcular?

today
31.10.2024
schedule
5 min
person
Equipe LeverPro

A depreciação é um conceito contábil que permite empresas reconhecer a diminuição do valor de seus ativos ao longo do tempo.

Esse fenômeno ocorre devido ao uso, desgaste ou obsolescência dos bens tangíveis. Compreender a depreciação é crucial para a gestão financeira eficaz, pois não apenas afeta as demonstrações financeiras, mas também tem implicações fiscais significativas.

Neste artigo, vamos explorar o que é a depreciação, os diferentes métodos de cálculo, seu impacto nas demonstrações financeiras e as diferenças entre depreciação e amortização, proporcionando uma visão abrangente deste tema.

Continue a leitura e aprenda:

O que é Depreciação?

A depreciação é um conceito contábil que representa uma estimativa da perda de valor de um ativo ao longo do tempo, resultante do uso, desgaste ou obsolescência.

Esse processo busca alocar o custo de um ativo tangível durante sua vida útil, permitindo que as empresas apresentem uma visão mais precisa da saúde financeira e do desempenho operacional.

Cada ativo tangível tem o seu percentual de depreciação, desta forma, a porcentagem não é igual para todos.

De acordo com a contabilidade brasileira e as normas internacionais, a depreciação deve ser registrada nas demonstrações contábeis periodicamente, reduzindo o valor contábil do ativo.

A depreciação, Afeta o balanço patrimonial, através da depreciação acumulada, reduzindo do ativo imobilizado e também a demonstração de resultado, por meio da despesa de depreciação.

Isso tem o objetivo de refletir, de maneira mais precisa, o valor real do ativo no balanço patrimonial.

Confira a explicação detalhada do nosso CEO, Alysson Guimarães.

Quais são os bens depreciáveis e não depreciáveis?

É importante distinguir quais são os bens depreciáveis e não depreciáveis e, posteriormente, entender qual é o método correto para calcular o percentual de depreciação. Confira!

 

Bens Depreciáveis

Como mencionamos ao decorrer da explicação do que é depreciação, os bens depreciáveis são ativos tangíveis que têm uma vida útil limitada e sofrem desgaste, deterioração ou obsolescência ao longo do tempo.

A depreciação é aplicada a esses ativos para refletir a diminuição de seu valor contábil. Os principais tipos de bens depreciáveis incluem:

  1. Máquinas e Equipamentos: Utilizados em processos produtivos ou operacionais.
    Exemplo: Máquinas industriais, ferramentas de fabricação.
  2. Veículos: Incluem carros, caminhões e outros veículos utilizados para atividades comerciais.
    Exemplo: Carros de entrega, caminhões de transporte.
  3. Edifícios e Instalações: Estruturas físicas que não se qualificam como terrenos.
    Exemplo: Fábricas, escritórios, armazéns.
  4. Móveis e Utensílios: Itens de escritório e móveis utilizados nas operações diárias da empresa.
    Exemplo: Mesas, cadeiras, armários.
  5. Equipamentos de TI: Computadores, servidores, impressoras e outros dispositivos eletrônicos.
    Exemplo: Laptops, desktops, impressoras industriais.
  6. Infraestrutura: Sistemas de redes de computadores, equipamentos elétricos, iluminação, aquecimento, ar-condicionado, etc.
    Exemplo: Sistemas de ventilação, sistemas de encanamento.

Bens Não Depreciáveis

Os bens não depreciáveis são ativos que não perdem valor ao longo do tempo ou cuja vida útil não é limitada. Esses ativos não são sujeitos a depreciação, e seu valor contábil permanece inalterado. Os principais tipos de bens não depreciáveis incluem:

  1. Terrenos: Os terrenos não sofrem desgaste e, portanto, não são depreciáveis.
    Exemplo: Lotes de terreno onde a empresa opera.
  2. Ativos Intangíveis de Vida Indefinida: Ativos intangíveis que não têm um período de vida útil determinado e não são sujeitos a amortização.
    Exemplo: Marcas e goodwill.
  3. Estoques: Bens destinados à venda, que são consumidos ou vendidos no curso das operações normais.
    Exemplo: Produtos acabados, matérias-primas.
  4. Ativos em Construção: Ativos que ainda estão em processo de construção ou desenvolvimento e, portanto, não estão prontos para uso.
    Exemplo: Edifícios em construção.

Quais São os Passos para Calcular a Depreciação?

Entender o cálculo da depreciação é fundamental para aplicar corretamente esse conceito, na prática. Vamos explorar as etapas envolvidas no processo.

1. Determinação do Custo Inicial do Ativo

O primeiro passo é identificar o valor total gasto para adquirir o ativo.

Esse valor inclui o preço de compra e outros custos associados, como transporte, instalação e tributos.

Tudo que de fato foi investido para obter o ativo.

2. Vida Útil do Ativo

O segundo passo é estimar o período durante o qual o ativo será útil.

A vida útil é definida com base em normas fiscais, práticas contábeis ou diretrizes internas da empresa.

Dependendo o tipo do produto, o fabricante determinará uma média de vida útil.

3. Valor Residual

Seguindo adiante, chegou o momento de calcular o valor que se espera que o ativo tenha ao final de sua vida útil, se for vendido ou descartado.

O valor residual é subtraído do valor inicial para determinar o montante que será depreciado ao longo do tempo.

4. Método de Depreciação

Escolher o método de depreciação que melhor se adapta à natureza do ativo e à política contábil da empresa. Iremos falar a seguir!

5. Registro Contábil

O quinto passo é calcular e registrar o valor depreciado como uma despesa no Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE), reduzindo o lucro contábil da empresa.

O valor contábil do ativo no balanço patrimonial é reduzido pelo mesmo montante, por meio de uma conta chamada “Depreciação Acumulada”.

DICA EXTRA - Aspectos Fiscais

No Brasil, a depreciação também tem implicações fiscais, pois as despesas com depreciação podem ser deduzidas na apuração do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL).

A legislação define prazos mínimos de vida útil e limites de depreciação que devem ser seguidos.

É crucial entender essa legislação, para que a empresa não pague mais do que deveria. Mas também é importante que o contador faça da forma correta, para que a empresa não sofra multas por declarações incorretas.

Agora que você entendeu o que é, a importância da depreciação e quais os principais passos para realizar o cálculo da depreciação, é fundamental entender os diferentes métodos de calculá-la, para melhor se enquadrar em sua empresa. Confira!

Tipos de Métodos de Depreciação

Como vimos, compreender a depreciação é fundamental para as empresas, e a escolha do método de cálculo pode impactar diretamente seus relatórios financeiros.

Vamos explorar os métodos mais comuns de depreciação, suas fórmulas e características.

1. Método Linear

O método linear é o mais simples e amplamente utilizado. Ele aloca uma quantia igual de despesa de depreciação a cada ano ao longo da vida útil do ativo.

A fórmula é:

Exemplo: Se um ativo custa R$ 100.000, tem um valor residual de R$ 10.000 e uma vida útil de 10 anos, a depreciação anual seria:

Depreciação Anual = 100.000 - 10.000/  10 = R$ 9.000

Ou seja, este ativo terá uma depreciação anual fixa de 9 mil reais durante os próximos 10 anos.

2. Método de Unidades Produzidas

Mas ao decorrer do tempo, as empresas compreenderam que nem sempre a depreciação anual se manterá a mesma ao longo dos anos. Por exemplo, uma máquina ao decorrer do tempo ficará ainda mais obsoleto e com maiores desgastes.

Por isso, o método de unidades de produção baseia a depreciação no uso real em vez do tempo.

Isso o torna particularmente útil para equipamentos cuja depreciação varia significativamente com o uso.

Essa abordagem se conecta bem ao método de saldo decrescente, pois ambos consideram a intensidade de uso do ativo.

A fórmula é:

Exemplo: Se uma máquina custa R$ 100.000, tem um valor residual de R$ 10.000 e está estimada para produzir 200.000 unidades durante sua vida útil, a depreciação por unidade seria:

Depreciação por Unidade = 100.000 - 10.000 / 200.000 = R$ 0,45

Se a máquina produzir 20.000 unidades em um ano, a depreciação desse ano seria:

Depreciação Anual = 20.000 x 0,45 = R$ 9.000. 

Esse método é mais utilizado por grandes industrias, que possuem um controle de operação muito eficiente.

3. Método da Soma dos Dígitos dos Anos

Por fim, o método da soma dos dígitos dos anos é uma opção acelerada que resulta em despesas maiores nos anos iniciais.

Essa abordagem também é alinhada ao conceito de que ativos tendem a perder valor rapidamente nos primeiros anos.

Exemplo: Para um ativo com custo de R$ 100.000, valor residual de R$ 10.000 e vida útil de 5 anos, a soma dos dígitos seria:

5+ 4 + 3 + 2 + 1 = 15

 

Estes dígitos são a somatória da vida útil destes ativos.

No primeiro ano, a depreciação será:

Depreciação do 1º Ano = 5/15 x (100.000 - 10.000) = R$ 30.000

Depreciação do 2º Ano = 4/15 x (100.000 - 10.000) = R$24.000

 

*Atenção os números dos dígitos são inversamente proporcionais a ordem da vida útil.

A escolha do método de depreciação não apenas influencia os relatórios financeiros da empresa, mas também impacta sua percepção no mercado.

Vamos entender como a depreciação afeta as demonstrações financeiras, tanto a demonstração de resultados quanto o balanço patrimonial.

Impacto nas Demonstrações Financeiras

No início do texto, foi citado que a depreciação afeta o balanço patrimonial, através da depreciação acumulada, reduzindo do ativo imobilizado e também a demonstração de resultado, por meio da despesa de depreciação.

Neste cenário, compreender o impacto da depreciação nas demonstrações financeiras é essencial para a tomada de decisões informadas e para a avaliação da saúde financeira da empresa.

Mas, como isso acontece e qual o real significado deste impacto. Preparamos um resumo das principais demonstrações financeiras e um exemplo prático. Confira!

1. Impacto na Demonstração de Resultados

A depreciação é registrada como uma despesa na DRE, reduzindo a receita líquida.

Essa redução é importante para refletir com precisão os custos de operação da empresa.

Por exemplo, se uma empresa tem uma depreciação anual de R$ 10.000 e uma receita de R$ 100.000, o lucro antes da depreciação seria R$ 90.000. Com a depreciação, o lucro líquido fica em R$ 80.000.

Então atenção! A depreciação não afeta o caixa e sim o BP e o lucro.

2. Impacto no Balanço Patrimonial

A depreciação reduz o valor contábil dos ativos ao longo do tempo.

O balanço patrimonial mostra o valor contábil líquido dos ativos, calculado como o custo original menos a depreciação acumulada.

Por exemplo, se uma máquina custou R$ 100.000 e já teve R$ 30.000 em depreciação acumulada, o valor contábil da máquina no balanço patrimonial será de R$ 70.000.

3. Demonstração do Fluxo de Caixa

Embora a depreciação reduza o lucro líquido, ela não envolve uma saída de caixa real.

Portanto, ela é adicionada de volta ao fluxo de caixa das operações na demonstração do fluxo de caixa.

Esse ajuste reflete que, embora o lucro líquido tenha diminuído devido à depreciação, a posição de caixa real da empresa permanece inalterada.

DICA! Leia agora o Guia Definitivo para Dominar a DFC.

Diferença entre Depreciação e Amortização

Antes de entregarmos uma solução para melhorar a precisão do cálculo de depreciação. Queremos que você entenda os principais pontos que diferenciam a depreciação e a amortização.

Ambas têm o objetivo de alocar o custo de um ativo ao longo do tempo, no entanto, existem diferenças importantes que devem ser consideradas. Confira!

1. Tipos de Ativos

  • Depreciação: Aplica-se a ativos tangíveis, como máquinas, veículos e edifícios.
  • Amortização: Aplica-se a ativos intangíveis, como marcas, patentes e software.

2. Vida Útil

  • Depreciação: A vida útil dos ativos tangíveis é afetada por desgaste físico e obsolescência.
  • Amortização: A vida útil dos ativos intangíveis é geralmente estabelecida por contratos ou regulamentações.

3. Métodos de Cálculo

  • Depreciação: Pode ser calculada utilizando métodos como linha reta, soma dígitos e unidades de atividades.
  • Amortização: Normalmente é calculada pelo método linear, alocando o custo de forma uniforme ao longo da vida útil.

4. Impacto no Balanço Patrimonial

  • Depreciação: Reduz o valor contábil dos ativos tangíveis.
  • Amortização: Reduz o valor contábil dos ativos intangíveis.

Estas são algumas das principais diferenças entre amortização e depreciação. Então cuidado ao realizar este processo!

 

Conclusão

A depreciação é um elemento essencial na contabilidade que permite que as empresas reconheçam a diminuição do valor de seus ativos ao longo do tempo.    

Entender a depreciação da empresa, permitirá que ela continue competitiva no mercado em que atua.

Com dados precisos e análises robustas, as empresas podem planejar melhor suas despesas de capital e maximizar o retorno sobre os investimentos.

Portanto, ao adotar analises de demonstrações financeiras bem estruturadas, as organizações não apenas aprimoram sua análise de depreciação, mas também fortalecem sua posição competitiva no mercado, garantindo um futuro financeiro mais sustentável e próspero.

Quer saber mais detalhes sobre como a análise correta das demonstrações financeiras podem auxiliar no planejamento estratégico? Acesse este blog e saiba mais!

 

FAQ sobre Depreciação

1. O que é depreciação?


A depreciação é a perda de valor de um ativo ao longo do tempo, resultante do uso, desgaste ou obsolescência.

2. Quais são os métodos de cálculo de depreciação?


Os principais métodos incluem linha reta, saldo decrescente, unidades de produção e soma dos dígitos.

3. Como a depreciação afeta as demonstrações financeiras?


Ela reduz o lucro líquido na demonstração de resultados e diminui o valor contábil dos ativos no balanço patrimonial.

4. A depreciação pode ser deduzida dos impostos?


Sim, as empresas podem reivindicar a depreciação como uma dedução fiscal, reduzindo a renda tributável.

5. Todos os ativos são sujeitos à depreciação?


Não, apenas ativos tangíveis com vida útil limitada são depreciáveis; terrenos e ativos intangíveis não são.

Fontes e Referências

últimos artigos