Demonstrações Contábeis

O Guia Definitivo para Dominar a DFC (Demonstrativo do Fluxo de Caixa)

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18.8.2022
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Equipe LeverPro

Na contabilidade, algumas Demonstrações Contábeis são obrigatórias e devem ser produzidas periodicamente, uma delas é o Demonstrativo do Fluxo de Caixa, conhecido como DFC.

Conhecer o fluxo de caixa de uma empresa é muito importante para a tomada de decisão. É através do fluxo de caixa que o gestor consegue identificar problemas e até soluções para a empresa. Como estamos tratando da saúde financeira, todo cuidado é pouco. 

Observando a importância da DFC, a mesma se tornou indispensável nas declarações entregues à Receita Federal e demais órgãos. 

O que é Demonstração de Fluxo de Caixa?

Diferente dos demais relatórios da contabilidade, a Demonstração de Fluxo de Caixa tem o foco na saúde financeira da empresa. Com o DFC em mãos, o responsável terá condições de identificar todas as entradas e saídas da empresa dentro de um determinado período.

Por mais que o nome dos relatórios seja demonstrativo do fluxo de caixa, ele não se trata somente do caixa, mas sim de todas as contas que modificam os valores contidos em bancos e demais disponibilidades da empresa.

Por meio do DFC há como desenvolver diversos tipos de análises referentes à saúde financeira, como:

·         Fluxo de capital da empresa, quanto entra e quanto sai periodicamente da firma;

·         Como está a gestão do caixa da empresa;

·         Expectativa para o caixa nos períodos seguintes;

·         Destino dos valores que estão entrando e saindo.

Como utilizar o fluxo de caixa para controlar a saúde financeira do seu negócio

O fluxo financeiro dentro de uma empresa é similar ao fluxo sanguíneo de um corpo humano. Portanto, sem dinheiro, a empresa perde sua capacidade de operar e quebra, similar ao que acontece quando uma pessoa perde sangue.

Conhecer a saúde financeira ajuda na tomada de decisão. É pelo DFC que o empresário ou gestor consegue avaliar se a firma tem ou terá condições para arcar com algum investimento, ou se vai precisar tomar crédito junto a bancos ou demais instituições financeiras.

Desse modo, a empresa consegue tomar melhores decisões de acordo com o cenário apresentado no documento.

As vantagens da DFC estão vinculadas à leitura focada no fluxo financeiro da empresa. Através do DRE (Demonstrativo do Resultado do Exercício), Balanço Patrimonial, Notas Explicativas ou DMPL, a pessoa não terá a dimensão das entradas e saídas que a empresa obteve no período. 

Com a Demonstração de Fluxo de Caixa, essa informação se torna mais nítida, sendo possível reconhecer para onde os recursos foram e de onde vieram.

A DFC é um relatório que junto dos demais pode ajudar a encontrar erros ou equívocos contábeis. Assim, ela é imprescindível junto dos demais relatórios.

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A DFC é obrigatória para o seu negócio?

Segundo algumas regras e tratamentos feitos por diferentes órgãos reguladores, a Demonstração de Fluxo de Caixa se tornou obrigatória para praticamente todas as empresas que possuem contabilidade.

A Lei nº 11.638/2007 estabelece que a DFC é obrigatória para empresas de capital aberto e que possuem patrimônio líquido superior a 2 milhões de reais.

Com relação às especificidades relacionadas ao DFC, existe a Deliberação CVM 547/2008. Essa deliberação tem como base o pronunciamento Técnico CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) 03.

Por fim, existe NBC TG 1.000, norma que obriga as pequenas e médias empresas a entregarem a DFC junto dos demais relatórios contábeis, como o Balanço, DRE, DMPL e Nota Explicativa.

Uma das principais formas de utilização da Demonstração de Fluxo de Caixa é na entrega de declarações junto à Receita Federal, ou em processos de licitação, por exemplo.

Dentre as principais declarações da Receita Federal, existe uma denominada de SPED ECD (Sistema Público de Escrituração Digital - Escrituração Contábil Digital). Essa declaração é obrigatória para as empresas tributadas pelo Lucro Real e para grande parte daquelas do presumido e arbitrado.

Porém, hoje é comum ver empresas de todos os níveis enviando a ECD, uma vez que ela tem praticamente as mesmas funções e características do livro razão e diário que eram emitidos periodicamente e autenticados na junta comercial do estado.

Como dentro da ECD é preciso enviar os principais relatórios contábeis, a DFC faz parte desses e também deve ser enviado. Coisa similar ocorre em processo de licitação, onde o ente público solicita uma série de documentos, dentre eles a Demonstração de Fluxo de Caixa.

Como usar seus relatórios contábeis para ter visão 360º do seu negócio

O DRE, ou Demonstrativo do Resultado do Exercício, é um relatório contábil que acompanha obrigatoriamente o Balanço Patrimonial. Se no Balanço a pessoa terá a visão sobre o valor do ativo e passivo de uma empresa, com o DRE a pessoa saberá como se comportou o resultado.

Dentro do DRE há contas relevantes que estão localizadas nas Receitas, Custos e Despesas. Às vezes, o DRE pode ser mais relevante que o próprio Balanço. Já a DFC é um documento, onde o usuário terá a movimentação financeira da empresa. Dentro do DFC, o usuário terá a movimentação que impactou tanto com o Balanço, quanto com o DRE. Assim, se a pessoa busca conhecer mais sobre as finanças da empresa, é por meio da DFC que será possível enxergar as entradas e saídas, além da origem dos valores.

A projeção do fluxo de caixa traz a expectativa que a empresa tem sobre os futuros fluxos de caixa. Se o fluxo de caixa mostra os valores atuais, que entraram e saíram à projeção, mostra o que pode acontecer no futuro.

Se você quer aprender mais sobre como projetar o Fluxo de Caixa e identificar cenários no caixa da sua empresa, clique aqui!

Como fazer sua DFC?

Para construir um fluxo de caixa, é preciso:

  • Registrar todas as movimentações financeiras, desde as vendas à vista até as despesas fixas e variáveis;
  • Projetar os recebimentos e pagamentos futuros, considerando os prazos e as condições de cada operação;
  • Calcular o saldo disponível, que é a diferença entre o total recebido e o total pago no período;
  • Analisar o saldo ao longo do tempo, para identificar tendências, oportunidades e riscos.

O fluxo de caixa pode ser elaborado de diferentes formas, dependendo da natureza e das necessidades da empresa. Existem diversos tipos de fluxo de caixa, como o operacional, o livre, o descontado e o projetado.

Para saber mais sobre o fluxo de caixa e como aplicá-lo no seu negócio, recomendamos a leitura do artigo 'Como fazer seu Fluxo de Caixa - passo a passo', que explica com detalhes o conceito, a importância e os passos para elaborar o fluxo de caixa da sua empresa.

Como funciona o Método Direto e Indireto? 

Diferente de outros relatórios contábeis que possuem um padrão, a DFC pode ser elaborada de duas formas:

  • Método Direto;
  • Método Indireto.

Ambas as formas estão de acordo com as normas contábeis e podem ser utilizadas na declaração e apresentação junto a órgãos e entidades. Mas, cada um dos métodos tem suas particularidades.

Direta

Quando a DFC é direta, a estrutura do relatório considera todos os itens que tirarem envolvimento direto com as disponibilidades da empresa.

Indireta

Já a DFC indireta, possui estrutura onde as contas que possuem envolvimento com as disponibilidades ganham destaque, mostrando a movimentação indireta ao caixa da empresa. Ou seja, ao invés do DFC mostrar a variação das disponibilidades, o relatório vai mostrar as movimentações indiretas que influenciaram nas disponibilidades. Dentre os dois relatórios, o indireto pode ser mais complexo, enquanto o direto é mais simples.

Para saber com mais detalhes sobre o método direto e indireto, como usar e qual é a melhor opção para sua empresa, fizemos um artigo explicando tudo.

Como montar sua DFC usando o método direto

A construção da DFC direta é mais simples, comparada à indireta. Portanto, de forma resumida, a estrutura segue os seguintes passos:

·         1. Defina o período da demonstração;

·         2. Após definir o período, selecione os valores que vão compor a sua DFC, inclusive com o saldo inicial e final das disponibilidades;

·         3. Seguindo as regras do CPC 03 chegou o momento de dividir o relatório em três segmentos:

              Atividades operacionais;

               Atividades de investimentos;

               Atividades de financiamento.

·        4.  Será necessário registrar todas as movimentações que a empresa fez e que influenciaram nas disponibilidades;

·        5.  Por fim, chegou a hora de inserir os valores no relatório, dentro de cada um dos segmentos. Ao fazer as somas e subtrações, o valor inicial e final devem coincidir com o valor inicial e final do Balanço.

Para auxiliar na construção do seu fluxo de caixa com o método direto, fizemos um artigo completo explicando como montar seu DFC, passo-a-passo.

Como a análise apropriada do seu Fluxo de Caixa pode te ajudar a prevenir problemas

A Demonstração de Fluxo de Caixa pode ajudar de diversas formas. Dentro de análises, o relatório fornece informações relevantes sobre o fluxo de caixa de uma empresa, assim, as seguintes análises são possíveis:

·         Diferença entre receitas e despesas;

·         Fluxo de Caixa das Operações;

·         Fluxo de Caixa dos Investimentos;

·         Fluxo de Caixa dos Financiamentos;

·         Fluxo de Caixa Operacional / Vendas Líquidas;

·         Fluxo de caixa livre;

·         Cobertura do fluxo de caixa livre.

Uma situação que pode ser identificada com essas análises é se as receitas não se tornarem capital. Não é difícil encontrar empresas que possuem bons resultados, mas estão gastando muito dinheiro com crédito, buscando antecipação de recebíveis e demais práticas a fim de conseguir disponibilidades.

Ao se deparar com uma análise, onde a receita não se transforma em capital, de imediato não há problemas, mas persistindo, a médio prazo a empresa se encontrará em grandes dificuldades financeiras. Analisando o Balanço e a DRE (Demonstrativo do Resultado do Exercício) dificilmente o gestor conseguirá identificar os problemas no caixa, mas com a DFC sim.

Como a receita da empresa aparece, mas a conta de recebíveis não se transforma em capital, por meio desta demonstração, é possível identificar a origem dos recursos aumentando através de terceiros e não dos recebíveis. Isso liga um sinal vermelho exigindo uma tomada de decisão por parte dos gestores.

Outra análise que pode ser feita é com relação ao investimento em imobilizados. Indústrias e empresas que precisam investir em imobilizados (máquinas, equipamentos, utensílios e ferramentas) precisam conciliar o investimento com os resultados.

Quanto maior o investimento, maior deverá ser o resultado, ou pelo menos, as margens precisam se manter para manter o negócio sustentável.

Na demonstração de fluxo de caixa, essa avaliação pode ser feita identificando um fluxo maior de entradas de recursos (devido ao aumento das vendas) e a saída dos valores a título de investimento (crescimento nos investimentos em imobilizado).

Quando só o investimento aumenta, sem que haja um aumento nas entradas de valores é possível que algum problema de gestão esteja ocorrendo. Isso também exige uma tomada de decisão para determinar o porquê de tal situação.

Aprenda a analisar o seu fluxo de caixa da maneira mais eficaz possível.

Boas práticas, erros comuns e dicas.

Para conseguir extrair o máximo dos benefícios que a sua Demonstração de Fluxo de Caixa pode lhe oferecer, o gestor precisa fazer a leitura do relatório periodicamente e mantê-lo sempre atualizado.

Acompanhar as DFCs e enxergar a evolução do financeiro da empresa pode ajudar muito na hora de identificar e prevenir problemas. Um gestor que não faz esse acompanhamento pode ser surpreendido com resultados negativos no DRE, por exemplo.

Muitas vezes, os empresários acompanham a relação de faturamento da empresa, ao invés do caixa. Vale destacar que resultado nem sempre se converte em caixa para a empresa. Esse tipo de equívoco é comum e deve ser combatido. Ao identificar as entradas de recursos e destino dos valores, o gestor pode verificar quais são as formas de recebimento da empresa e como são os processos.

Processos lentos para cobrança também podem prejudicar os recebimentos e afetar diretamente o caixa da empresa. 

Receber os recursos por meio de cheque é outro ponto delicado. O cheque já está obsoleto no mercado, portanto não é recomendado trabalhar com essa forma de pagamento. Além disso, o controle de recebimentos por esse meio é mais lento, e muitas vezes prejudica o fluxo financeiro da organização.

Conclusão

Como vimos, é evidente que a Demonstração de Fluxo de Caixa é extremamente importante, devendo ser alvo de análise constante por parte do empresário. 

No entanto, nem todos os profissionais conseguem extrair as informações dos relatórios contábeis, como a DFC. Uma solução é a automação contábil. Com sistemas robustos que recebem os documentos provenientes da contabilidade a automação tem capacidade de transformar tais relatórios em documentos de fácil leitura e interpretação 

A LeverPro é uma empresa especializada em automação contábil e possui integração direta com ERPs e funcionalidades que transformarão os relatórios contábeis em documentos organizados e com precisão nos dados. Por meio dos seus indicadores, pode-se extrair mais informações do relatório, auxiliando na tomada de decisão.

Fontes e Referências

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