Gestão Orçamentária

Impairment: O que é e qual seu Impacto nas Demonstrações Financeiras

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31.1.2025
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Equipe LeverPro

O impairment em contabilidade é um conceito que se refere à depreciação permanente no valor recuperável de um ativo, tangível ou intangível, comparado ao seu valor contábil.

Esse ajuste é essencial para assegurar que as demonstrações financeiras reflitam com precisão a verdadeira situação patrimonial e econômica da empresa, evitando a superavaliação de ativos.

A aplicação do impairment tornou-se ainda mais relevante com a adoção de normas internacionais de contabilidade, como as normas do CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) no Brasil e as IFRS (International Financial Reporting Standards) no cenário global.

Em particular, destaca-se o CPC 01 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos, que estabelece diretrizes claras para a identificação e o reconhecimento do impairment.

Neste artigo, exploraremos os conceitos fundamentais do impairment, os critérios para sua aplicação, e como funciona o processo de avaliação e ajuste do valor recuperável de ativos, com base nas melhores práticas contábeis e nas normas vigentes.

O que é Impairment?

No contexto contábil, o impairment representa a redução permanente no valor recuperável de um ativo, seja ele tangível ou intangível.

Esse processo é essencial para assegurar que o valor registrado do ativo nas demonstrações financeiras reflita sua real condição econômica, ajustando-o em caso de perda significativa de valor.

  • Mudanças nas condições econômicas ou legais;
  • Redução na demanda por produtos ou serviços relacionados ao ativo;
  • Danos físicos ou desastres naturais.

Qual é o objetivo do impairment?

O objetivo do impairment é garantir que os ativos de uma empresa sejam apresentados no balanço patrimonial por um valor que não exceda o seu valor recuperável. O valor recuperável é definido como o maior valor entre:

  1. Valor justo: O montante que seria obtido pela venda do ativo em condições normais de mercado, deduzidos os custos de venda;
  2. Valor em uso: O valor presente dos fluxos de caixa futuros esperados a partir do uso contínuo do ativo.

Esse processo desempenha um papel fundamental para:

  • Evitar a superavaliação do patrimônio da empresa;
  • Promover maior transparência nas informações financeiras;
  • Oferecer dados confiáveis para a tomada de decisão de investidores e gestores.

Como Identificar o Impairment?

O processo envolve comparar o valor contábil (ou seja, o valor registrado no balanço) com o valor recuperável do ativo. O valor recuperável é o maior entre:

  • O valor justo menos os custos de venda;
  • O valor em uso (fluxo de caixa futuro descontado que o ativo pode gerar).

Se o valor contábil for maior que o recuperável, o ativo está com impairment, e a diferença deve ser reconhecida como uma perda contábil.

Como funciona o teste de impairment?

O teste de impairment consiste em comparar o valor contábil de um ativo com seu valor recuperável. O valor recuperável é determinado pelo maior valor entre:

  • Valor justo líquido de custos para venda;
  • Valor em uso, que é o valor presente dos fluxos de caixa futuros que o ativo pode gerar.

Caso o valor contábil seja maior que o recuperável, a diferença deve ser reconhecida como uma perda por impairment, registrada como despesa na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).

Para que serve o teste de impairment?

O teste de impairment tem como finalidade:

  1. Identificar e registrar perdas permanentes no valor de ativos;
  2. Ajustar o balanço patrimonial para refletir a realidade econômica da empresa;
  3. Assegurar a conformidade com normas contábeis locais e internacionais, como o CPC 01 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos;
  4. Proporcionar maior precisão às demonstrações financeiras, contribuindo para a transparência e evitando penalidades regulatórias.

Qual é o prazo para o teste de impairment?

De acordo com as normas contábeis, o teste de impairment deve ser realizado:

  • Anualmente para ativos intangíveis com vida útil indefinida, como o goodwill;
  • Sempre que existirem indícios de perda de valor recuperável de qualquer ativo, como mudanças significativas nas condições econômicas, tecnológicas ou operacionais que possam impactar negativamente o valor do ativo.

Com essas práticas, as empresas mantêm suas demonstrações financeiras alinhadas às melhores práticas contábeis e asseguram a confiabilidade das informações fornecidas aos stakeholders.

Quais são os tipos de teste de impairment?

Os testes de imparidade são utilizados para avaliar se o valor contábil de um ativo ou grupo de ativos deve ser ajustado, devido à perda de valor.

Existem dois tipos principais de testes: o teste individual e o teste por Unidade Geradora de Caixa (UGC).

Ambos são importantes, mas aplicados de maneira diferente, dependendo do tipo de ativo e da forma como ele contribui para os fluxos de caixa da empresa. Vamos explorar mais detalhes sobre cada um:

1. Teste Individual

O teste individual é aplicado diretamente a um ativo específico, como um equipamento, prédio ou veículo.

Esse tipo de teste é realizado quando o ativo não está integrado diretamente com outros ativos e sua capacidade de gerar fluxos de caixa pode ser avaliada separadamente.

Como funciona:

  • O valor contábil do ativo é comparado com o valor recuperável, que é o maior valor entre o valor justo (menos custos de venda) e o valor em uso (o valor presente dos fluxos de caixa futuros esperados a partir do uso contínuo do ativo).
  • Se o valor contábil do ativo for maior que o valor recuperável, considera-se que o ativo está impariado, e um ajuste deve ser feito para reduzir seu valor contábil ao valor recuperável.

Exemplo: Se uma máquina usada em uma fábrica perde sua utilidade devido a obsolescência ou danos e não pode gerar fluxo de caixa suficiente para cobrir seu valor contábil, será necessário realizar o teste individual para determinar se há perda por imparidade.

2. Teste por Unidade Geradora de Caixa (UGC)

O teste por Unidade Geradora de Caixa (UGC) é realizado em um grupo de ativos que, juntos, geram fluxos de caixa de maneira conjunta.

Isso é comum em ativos que estão operando em conjunto, como uma planta industrial, unidades de negócios ou segmentos de operações.

Em vez de avaliar um único ativo isoladamente, o teste é feito em uma unidade ou grupo de ativos que geram fluxos de caixa de maneira interdependente.

Como funciona:

  • Para uma UGC, o valor recuperável é calculado com base no valor dos fluxos de caixa futuros gerados pela unidade, considerando a projeção de receita, custos e despesas.
  • O teste de imparidade compara o valor contábil de toda a UGC com o valor recuperável da UGC. Se o valor recuperável da UGC for inferior ao valor contábil dos ativos que a compõem, a imparidade será reconhecida, e os ativos dentro da UGC podem precisar ser ajustados.

Exemplo:Uma fábrica que possui diversos equipamentos e ativos integrados, e todos geram fluxos de caixa juntos, precisa ser testada como uma UGC.

Se o desempenho da fábrica diminui devido a condições de mercado, o valor total dos fluxos de caixa projetados pode não cobrir o valor contábil dos ativos da planta.

Nesse caso, seria necessário realizar um teste de imparidade para ajustar o valor dos ativos conforme necessário.

Como se calcula o impairment?

O cálculo do impairment envolve os seguintes passos:

  1. Determinar o valor contábil do ativo: Soma do custo histórico menos depreciação e amortização acumuladas.
  2. Estimar o valor recuperável: Avaliação do valor justo menos custos para venda ou do valor em uso (fluxos de caixa futuros descontados).
  3. Comparar os valores: Se o valor contábil exceder o valor recuperável, a diferença é registrada como perda por impairment.

Fórmula básica:

Impairment = Valor Contábil − Valor Recuperável

Exemplos de Situações que Geram Impairment

  1. Desvalorização por desastre natural: Imagine um edifício anteriormente avaliado em R$ 1.000.000 que sofre danos estruturais devido a um desastre natural, reduzindo seu valor recuperável para R$ 700.000. Esse ajuste reflete a perda permanente no valor do ativo.
  2. Mudança de demanda: Equipamentos utilizados na fabricação de um produto que se tornou obsoleto podem sofrer uma redução significativa em seu valor, uma vez que sua utilidade econômica e valor de mercado são impactados pela queda na demanda.

Esses exemplos ilustram como fatores externos ou mudanças nas condições de mercado podem gerar a necessidade de ajustes contábeis por meio do impairment.

Reconhecimento e Registro do Impairment

De acordo com normas internacionais e locais, como CPC 01 (no Brasil):

Por exemplo, se um ativo tem um valor contábil de R$ 150.000 e seu valor recuperável é de R$ 100.000, o lançamento seria:

  • Débito: Perda por Impairment (despesa) – R$ 50.000
  • Crédito: Redução do valor do ativo – R$ 50.000

Diferença entre Impairment e Depreciação

A depreciação é um processo planejado e sistemático que reconhece a redução do valor de um ativo ao longo de sua vida útil, refletindo o desgaste ou a obsolescência gradual.

Já o impairment representa uma perda inesperada e significativa no valor recuperável de um ativo, geralmente causada por fatores extraordinários.

Por exemplo:

  • Uma máquina com vida útil estimada de 10 anos é depreciada de forma linear ao longo desse período, conforme o planejamento contábil.
  • Caso essa máquina sofra um dano que reduza drasticamente seu valor recuperável, além do cálculo da depreciação regular, será necessário registrar um impairment para ajustar o valor contábil do ativo à nova realidade econômica.

Conclusão

O impairment é um processo fundamental para assegurar a integridade das demonstrações financeiras, garantindo que os ativos sejam apresentados de acordo com sua realidade econômica e promovendo a transparência nos registros contábeis.

Testar regularmente os ativos para identificar possíveis perdas de valor é uma prática indispensável para evitar a superavaliação patrimonial e assegurar a conformidade com as normas contábeis, como o CPC 01 e as IFRS.

Além de atender às exigências regulatórias, o teste de impairment desempenha um papel estratégico na gestão financeira das empresas, fornecendo dados confiáveis para a tomada de decisões e fortalecendo a confiança de investidores, credores e outros stakeholders.

Essa prática também reforça o compromisso da empresa com a governança corporativa, sendo um indicador de responsabilidade e sustentabilidade no mercado.

Ao implementar o impairment como parte integrante de sua gestão contábil, as empresas não apenas atendem às normas vigentes, mas também demonstram maturidade financeira e alinhamento com as melhores práticas de transparência e responsabilidade econômica.


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