O Modelo Fleuriet é uma abordagem inovadora que tem como objetivo oferecer uma análise precisa para a tomada de decisão assertiva no gerenciamento do capital de giro.
Desenvolvido em 1977, segundo Padoveze, em sua obra “Introdução à administração financeira” , o modelo sugere uma abordagem diferente da análise de balanço.
Ao contrário dos modelos tradicionais, que se baseiam em uma classificação estática das contas do ativo e passivo, o modelo Fleuriet adota uma visão dinâmica, reclassificando essas contas de acordo com sua natureza operacional e financeira.
Essa reclassificação permite uma análise mais precisa da saúde financeira de uma empresa, proporcionando insights valiosos para a tomada de decisões estratégicas.
Neste artigo vamos aprender como analisar o capital de giro, a partir do modelo Fleuriet, qual a diferença dos modelos tradicionais, quais benefícios e muito mais.
Continue a leitura e aprenda:
Antes de explicar o que é o Modelo Fleuriet é fundamental entender um pouco mais do criar e o que objetivou ele a desenvolver essa abordagem inovadora.
Michel Fleuriet é uma figura central na história das finanças empresariais, especialmente no Brasil. Nascido na França, Fleuriet foi professor e pesquisador em várias universidades de renome, incluindo a Universidade de Paris-Dauphine.
Sua trajetória acadêmica e profissional o levou a se especializar em finanças corporativas, com foco particular na análise do capital de giro.
No final da década de 1970, Michel Fleuriet foi convidado a vir ao Brasil para colaborar com a Fundação Dom Cabral. Durante o tempo que passou no país, ele se deparou com as particularidades do ambiente empresarial brasileiro, que o inspiraram a adaptar e desenvolver novas metodologias de análise financeira.
Foi nesse contexto que nasceu o modelo dinâmico de análise do capital de giro, uma ferramenta que rapidamente ganhou popularidade entre os profissionais de finanças no Brasil.
O modelo Fleuriet não apenas trouxe uma nova perspectiva para a gestão financeira, mas também ajudou a alinhar as práticas financeiras brasileiras com as realidades econômicas locais.
Sua contribuição foi tão significativa que, até hoje, o modelo é amplamente utilizado por empresas e instituições financeiras em todo o país. Mas afinal, o que é o modelo Fleuriet?
Na obra, Análise Financeira das Empresas, Silva afirma que existem duas maneiras de analisar as demonstrações contábeis para a avaliação do capital de giro das empresas:
Mas o que é esse modelo fleuriet?
O Modelo Fleuriet é um método inovador para a análise do capital de giro de uma empresa. Segundo Silva, ainda na mesma obra citada anteriormente, Fleuriet através desta nova abordagem considerou o dinamismo das operações, reorganizando o balanço patrimonial.
Ou seja, ao contrário dos modelos tradicionais, que classificam as contas do ativo e passivo circulante de forma estática, o modelo Fleuriet adota uma perspectiva dinâmica, reclassificando essas contas de acordo com sua natureza financeira e operacional.
No modelo tradicional, as contas do ativo circulante (como caixa, contas a receber e estoques) e do passivo circulante (como fornecedores, salários a pagar e impostos) são simplesmente somadas para calcular o capital de giro líquido.
No entanto, essa abordagem pode ser limitada, pois não leva em consideração a velocidade com que essas contas se movimentam e seu impacto no fluxo de caixa da empresa.
O modelo Fleuriet, por outro lado, reclassifica as contas do “ativo e passivo” de acordo com o seu ciclo, para contas erráticas, cíclicas, contínuas, não cíclicas ou permanentes.
Essa reclassificação permite uma análise mais precisa da necessidade de capital de giro, pois considera não apenas o valor das contas, mas também a sua natureza e impacto no fluxo de caixa da empresa.
Com isso, o modelo Fleuriet oferece uma visão mais clara da saúde financeira da empresa e de suas necessidades operacionais.
No entanto, você sabe o conceito de cada uma dessas contas?
O funcionamento do modelo Fleuriet baseia-se na reclassificação das contas do balanço patrimonial em erráticas, cíclicas e não cíclica seguido pelo cálculo de três indicadores principais:
Necessidade de Capital de Giro (NCG), Saldo de Tesouraria (ST) e Capital de Giro (CG).
Mas antes de falarmos destes indicadores vamos compreender melhor essas contas.
Como vimos, o modelo Fleuriet é uma ferramenta de análise financeira que classifica as contas do balanço patrimonial em diferentes categorias com base na sua natureza e comportamento econômico. As categorias principais são:
Erráticas: Contas que variam significativamente de um período para outro devido a fatores externos ou eventos não recorrentes.
Exemplos incluem despesas extraordinárias, ganhos não operacionais, efeitos de variações cambiais, entre outros. É importante identificar essas contas para entender melhor os impactos de eventos não rotineiros nos resultados financeiros.
Cíclicas: Contas que variam com o ciclo econômico, geralmente associadas a setores ou indústrias específicas que são sensíveis às flutuações econômicas, como vendas sazonais ou custos de matérias-primas.
Compreender essas contas ajuda na previsão de receitas e custos durante diferentes fases do ciclo econômico.
Não cíclicas ou permanentes: Contas que não são afetadas por flutuações econômicas de curto prazo e geralmente representam operações essenciais e contínuas da empresa.
Exemplos incluem vendas recorrentes, despesas administrativas fixas e receitas de operações contínuas. Identificar essas contas ajuda a entender a estabilidade financeira de longo prazo da empresa.
Agora com o conceito e imagem das contas em mente, podemos prosseguir para os indicadores.
Sabemos que na reorganização e reclassificação do balanço patrimonial proposto pelo modelo Fleuriet, a partir de três indicadores, necessidade de capital de giro (NCG), capital de líquido (CDG) e o saldo disponível (ST), pode se obter uma análise dinâmica voltada para a real situação de liquidez na organização.
Mas o que significa cada um deles? Continue a leitura e aprenda a aplicação e o cálculo destes indicadores!
Refere-se à diferença entre o ativo cíclico e o passivo cíclico de uma empresa.
Ela representa a quantidade de capital que a empresa precisa para financiar suas operações diárias, considerando que as saídas de caixa geralmente ocorrem antes das entradas.
Fórmula:
NCG = Ativo cíclico - Passivo cíclico
O Saldo em Tesouraria (ST) é a diferença entre o ativo errático e o passivo errático, ou entre o capital de giro e a necessidade de capital de giro.
O ST mede a quantidade de recursos de curto prazo disponíveis que não estão diretamente ligados à operação da empresa.
Um saldo de tesouraria negativo indica que a empresa está usando recursos de curto prazo para financiar suas necessidades de capital de giro, aumentando o risco de insolvência.
Um saldo positivo, por outro lado, sugere que a empresa tem recursos excedentes que podem ser investidos.
No entanto, um saldo de tesouraria positivo e elevado pode indicar que a empresa não está aproveitando bem suas oportunidades de investimento.
Fórmula:
ST = Ativo errático - Passivo errático ou ST = Capital de Giro - Necessidade de capital de giro
O Capital de Giro (CDG) é o montante de recursos permanentes usados para financiar a NCG de uma empresa. É uma variável estável que só diminui quando a empresa faz investimentos em ativos permanentes. O CDG é calculado como a diferença entre os passivos não circulantes e os ativos não circulantes.
Se o ativo permanente excede o passivo permanente, o CDG será negativo, indicando que a empresa está financiando parte de seus ativos permanentes com recursos de curto prazo, o que pode levar a problemas de solvência.
Fórmula:
CDG = passivo permanente - ativo permanente
Mas o que fazer após o resultado destes indicadores? Analisar a situação financeira. Confira!
O modelo de análise dinâmica do capital de giro permite avaliar a situação financeira de uma empresa em diferentes contextos, identificando se a condição é favorável ou desfavorável.
Com base nos índices de Necessidade de Capital de Giro (NCG), Capital de Giro (CDG) e Saldo de Tesouraria (ST), a situação financeira pode ser classificada em vários tipos.
Marques e Braga (1995) ampliaram o modelo original de Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003) para incluir seis categorias distintas, confira o quadro de classificação:
Agora que já entendemos o que é e como utilizar o modelo fleuriet chegou o momento da prática, como este modelo pode auxiliar na gestão da sua empresa?
O modelo Fleuriet é uma ferramenta poderosa para apoiar a gestão empresarial, especialmente em áreas como planejamento financeiro, controle de fluxo de caixa e tomada de decisões estratégicas.
O modelo ajuda os gestores a preverem as necessidades de capital de giro com base nas operações da empresa.
Isso permite que a empresa se prepare melhor para períodos de alta demanda, evitando surpresas desagradáveis e garantindo que os recursos estejam disponíveis quando necessários.
Ao reclassificar as contas do balanço patrimonial em cíclicas, não cíclicas e erráticas, o modelo facilita o controle do fluxo de caixa, permitindo que os gestores identifiquem rapidamente quaisquer desequilíbrios entre as entradas e saídas de recursos.
Isso é crucial para manter a liquidez da empresa e evitar problemas financeiros.
O modelo Fleuriet fornece uma visão clara da saúde financeira da empresa, permitindo que os gestores tomem decisões informadas sobre investimentos, financiamento e outras questões estratégicas.
Por exemplo, se a empresa está considerando expandir suas operações, o modelo pode ajudar a determinar se há recursos suficientes para financiar essa expansão sem comprometer a liquidez.
Além disso, o modelo Fleuriet é útil para a identificação de riscos financeiros e oportunidades de melhoria na gestão do capital de giro.
Ao fornecer uma análise detalhada e dinâmica das finanças da empresa, o modelo permite que os gestores adotem uma abordagem proativa, antecipando problemas e aproveitando oportunidades de forma mais eficaz.
O modelo dinâmico de Michel Fleuriet revolucionou a análise do capital de giro nas empresas, oferecendo uma abordagem mais precisa e operacional para entender a saúde financeira e as necessidades de financiamento.
O modelo pode ser uma ferramenta valiosa para gestores e analistas financeiros, permitindo uma visão mais clara e dinâmica das finanças empresariais.
Ao adotar o modelo Fleuriet, as empresas podem melhorar sua gestão financeira, tomar decisões mais informadas e, em última análise, alcançar maior estabilidade e sucesso no mercado.
E com o auxílio de tecnologias precisas, como soluções de análise e planejamento financeiro, você pode deixar este processo ainda mais otimizado e preciso.
Pronto para aplicar o modelo Fleuriet em sua empresa?