Como calcular TIR: guia completo para profissionais de finanças corporativas
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9.6.2025
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Equipe LeverPro
Sumário
A Taxa Interna de Retorno (TIR) é um indicador fundamental para estimar a rentabilidade percentual de um projeto ou investimento ao longo do tempo.
Mais do que uma métrica isolada, a TIR é essencial na comparação entre alternativas de investimento, na definição de prioridades de alocação de capital e no embasamento de decisões estratégicas.
Quando utilizada em conjunto com o Valor Presente Líquido (VPL) e o Payback, proporciona uma análise robusta de risco e retorno apoiando decisões sobre aquisições, expansões e otimização de portfólios.
O que é TIR?
A Taxa Interna de Retorno (TIR) é a taxa de desconto que torna o Valor Presente Líquido (VPL) de um projeto igual a zero. Em termos simples, representa a taxa de retorno percentual que equilibra os fluxos de entrada e saída de caixa ao longo do tempo.
Relação TIR com VPL e Payback
VPL (Valor Presente Líquido): indica o valor monetário que um projeto adiciona à empresa, trazido a valor presente. Um VPL positivo sugere criação de valor.
Payback: mede o tempo necessário para recuperar o investimento inicial, sem considerar o valor do dinheiro no tempo.
TIR: expressa o retorno percentual do projeto, permitindo comparações diretas com o custo de capital ou com a Taxa Mínima de Atratividade (TMA).
Fórmula e lógica da TIR
A TIR é a solução da equação:
onde:
FCt = fluxo de caixa no período ttt (o FC0FC_0FC0 costuma ser negativo, representando o investimento inicial)
r = TIR
n = número de períodos
Como não existe fórmula algébrica direta, utilizam-se métodos iterativos (Newton-Raphson, busca binária) ou funções de planilha que testam diferentes valores de rrr até encontrar o ponto em que o VPL se aproxima de zero.
Como calcular TIR na prática
1. Cálculo manual simplificado
Liste os fluxos de caixa. Exemplo (em R$):
Ano 0: –100 000
Ano 1: 30 000
Ano 2: 40 000
Ano 3: 50 000
Estime duas taxas que gerem VPLs de sinais opostos para interpolar:
A 15 % → VPL ≈ 4 239
A 25 % → VPL ≈ –5 491
Interpole pela fórmula:
2. Usando planilhas (Excel ou Google Sheets)
Coloque os fluxos de caixa em células B2:B5.
Em outra célula insira =TIR(B2:B5) no Excel ou =IRR(B2:B5) no Google Sheets.
O resultado retornará aproximadamente 20,7 %.
Função de planilha → TIR ≈ 20,7 %.
Interpretação da TIR
Comparação com o custo de capital: Se a TIR for superior à Taxa Mínima de Atratividade (TMA), o projeto tende a gerar valor econômico, indicando viabilidade financeira.
Avaliação de risco: Uma TIR significativamente acima do custo de capital sugere uma maior margem de segurança frente a incertezas nos fluxos de caixa ou mudanças no cenário econômico.
Análise em portfólios de projetos: A TIR pode ser usada para ranquear projetos concorrentes. No entanto, é fundamental considerar também o montante do investimento e a distribuição temporal dos fluxos de caixa, evitando decisões enviesadas por retornos percentuais elevados, mas de impacto financeiro limitado.
Vantagens e limitações da TIR
Vantagens
Expressa o retorno em termos percentuais, o que facilita a comunicação e o entendimento por diferentes públicos.
Leva em consideração o valor do dinheiro no tempo, proporcionando uma análise financeira mais precisa.
Permite comparar projetos de diferentes portes e escalas de investimento, tornando a decisão mais objetiva.
Limitações e cuidados
Múltiplas TIRs: Projetos com fluxos de caixa não convencionais (com mais de uma mudança de sinal) podem apresentar mais de uma TIR, dificultando a tomada de decisão.
Suposição de reinvestimento: A TIR pressupõe que os fluxos intermediários serão reinvestidos à própria taxa de retorno do projeto, o que nem sempre é realista no mercado.
Comparação entre projetos: Projetos menores com TIR elevada podem parecer mais vantajosos do que projetos maiores com Valor Presente Líquido (VPL) superior, ainda que estes últimos agreguem mais valor ao negócio.
Dicas e melhores práticas
Combine TIR e VPL: Utilize a Taxa Interna de Retorno junto com o Valor Presente Líquido para obter uma visão completa, capturando tanto o retorno percentual quanto o valor monetário do projeto.
Verifique os fluxos de caixa: Assegure-se de que os fluxos de caixa considerem corretamente impostos, depreciação e necessidades de capital de giro para uma análise mais precisa.
Considere a TIRM em fluxos irregulares: Em projetos com fluxos de caixa não convencionais, a Taxa Interna de Retorno Modificada (TIRM) é uma alternativa recomendada, pois assume reinvestimento ao custo de capital, oferecendo uma estimativa mais realista.
Ajuste a taxa de desconto: Calibre a taxa de desconto conforme os riscos específicos do setor e do projeto, garantindo que a avaliação reflita adequadamente as incertezas envolvidas.
Conclusão
Aprofundar o entendimento sobre o cálculo e as limitações da TIR é fundamental para que profissionais de finanças possam avaliar investimentos com maior precisão e segurança.
Ao utilizar a TIR em conjunto com outras métricas, como o VPL e a TIRM, é possível obter uma visão mais completa dos projetos, considerando tanto o retorno percentual quanto o valor real gerado.
Essa abordagem integrada permite alinhar decisões financeiras aos objetivos estratégicos da empresa, mitigando riscos e maximizando valor.
Portanto, aplicar esses conceitos de forma crítica e contextualizada fortalece significativamente a qualidade e a eficácia da tomada de decisão financeira.
Abaixo, algumas sugestões de artigo do blog da LeverPro que irão permitir um aprofundamento em alguns indicadores financeiros que podem auxiliar no acompanhamento de sua empresa.