Demonstrações Contábeis

Plano de Contas: O que é e Como Estruturar essa Ferramenta Estratégica

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22.4.2025
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Equipe LeverPro
Sumário

O plano de contas é muito mais do que uma simples lista de contas organizadas, ele é a espinha dorsal da contabilidade e um dos pilares para uma gestão financeira eficiente e transparente.

Trata-se de uma ferramenta estratégica que traduz a realidade econômica da empresa em dados organizados, acessíveis e prontos para análise.

Para profissionais financeiros que buscam crescer e se destacar, dominar a estrutura e a aplicação de um plano de contas bem elaborado é indispensável. Sem ele, a empresa perde clareza, controle e capacidade de tomada de decisão.

Neste artigo, você vai entender como o plano de contas funciona na prática, como construí-lo de forma eficiente e como utilizá-lo como uma poderosa alavanca para melhorar a performance financeira da organização.

O que é um plano de contas?

O plano de contas é uma estrutura padronizada que organiza, classifica e codifica todas as contas utilizadas para registrar os fatos contábeis de uma empresa.

Ele contempla todos os elementos do patrimônio e do desempenho financeiro, como ativos, passivos, receitas, despesas e patrimônio líquido, dispostos de forma lógica e hierárquica.

Essa ferramenta é essencial para garantir uniformidade, consistência e precisão nos registros contábeis.

Além disso, é a base para a elaboração de demonstrativos contábeis como o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), facilitando o controle gerencial, a análise de desempenho e a tomada de decisões estratégicas.

No Brasil, sua formalização começou com a Lei 6.404/76 e foi consolidada por normas da CVM, FIPECAFI e CPC, sendo obrigatório para empresas no Lucro Real e Presumido por meio do plano de contas referencial da Receita Federal.

Qual é a estrutura ideal de um plano de contas?

Como vimos, anteriormente, a estrutura de um plano de contas é a base da contabilidade de uma empresa. Ela deve ser clara, lógica e funcional, permitindo o registro, controle e análise das movimentações financeiras com precisão.

De forma geral, o plano de contas é dividido em dois grandes grupos:

  1. Contas Patrimoniais
  2. Contas de Resultado


Dentro de cada grupo, as contas são organizadas de maneira hierárquica e codificada, facilitando a leitura e a geração de demonstrativos contábeis.

Essa estrutura pode variar conforme o porte, o segmento e as necessidades gerenciais de cada organização.

No entanto, a lógica de codificação e categorização deve sempre prezar por consistência e simplicidade, a fim de facilitar a elaboração de relatórios como o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).

A seguir, irei apresentar os grupos e suas respectivas estruturas.

Quais são os grupos que compõem o plano de contas?

De acordo com os princípios contábeis adotados no Brasil, o plano de contas é estruturado em dois grandes grupos, que organizam as informações patrimoniais e de desempenho da empresa:

Contas Patrimoniais

São as contas que compõem o Balanço Patrimonial, representando a situação financeira e patrimonial da empresa em um determinado momento (data específica).

Subdivisões principais:

  • Ativo: bens e direitos da empresa (ex: caixa, contas a receber, estoques).
  • Passivo: obrigações da empresa com terceiros (ex: fornecedores, empréstimos).
  • Patrimônio Líquido: representa os recursos próprios da empresa, como capital social e lucros acumulados.

Características:

  • Saldo é levado de um exercício para o outro.
  • Refletem o “estado” da empresa.

Contas de Resultado

São as contas que compõem a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), demonstrando a performance econômica da empresa em um período (ex: de 1º de janeiro a 31 de dezembro).

Subdivisões principais:

  • Receitas: entradas provenientes das atividades da empresa (ex: vendas, serviços).
  • Despesas e Custos: saídas relacionadas à manutenção das atividades (ex: salários, energia, matéria-prima).
  • Resultado: lucro ou prejuízo obtido no período.

Características:

  • Zeras no final de cada exercício.
  • Mostram se a empresa teve lucro ou prejuízo.

Essas contas alimentam relatórios como a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).

Contas sintéticas e analíticas: qual a diferença?

No plano de contas, dentro de cada um dos grupos acima, as contas podem ser classificadas como sintéticas ou analíticas, de acordo com o nível de detalhamento necessário para os registros contábeis:

  • Contas sintéticas são contas agregadoras, utilizadas para reunir lançamentos de natureza semelhante. Elas servem como uma visão consolidada e não recebem lançamentos diretos. Exemplo: “Despesas com Pessoal”.
  • Contas analíticas são as subcontas detalhadas, nas quais os lançamentos contábeis são efetivamente registrados. Exemplo: “Salários”, “Encargos Sociais”, “Benefícios”.

A distinção entre contas sintéticas e analíticas é fundamental para garantir granularidade nos relatórios, controle gerencial eficiente e uma visão estratégica aprofundada da operação financeira da empresa.

Dicas práticas: como fazer um plano de contas contábil

A criação de um plano de contas contábil bem estruturado é essencial para garantir clareza, controle e consistência nos registros financeiros de uma empresa. Para te ajudar, aqui estão etapas práticas e orientações detalhadas:

1. Defina o objetivo do plano de contas

Antes de iniciar, é importante entender para que o plano de contas será utilizado:

  • Contábil: focado no cumprimento das normas legais e fiscais (obrigações com o Fisco, relatórios como DRE e Balanço Patrimonial).
  • Gerencial: voltado para a análise de desempenho interno e tomada de decisões estratégicas.
  • Ambos: o ideal para empresas que desejam aliar conformidade com eficiência na gestão.

Dica: Um plano de contas contábil pode ter visões paralelas para uso contábil e gerencial. Muitos ERPs permitem essa configuração.


2. Adapte o plano à realidade e ao modelo de negócios da empresa

Cada empresa é única, então o plano de contas deve refletir:

  • A atividade principal da empresa (comércio, indústria, serviços etc.);
  • As necessidades de análise dos gestores;
  • Os relatórios exigidos por investidores, controladoria ou auditoria.

Exemplo: Uma empresa de serviços pode ter contas específicas como "Receita de consultoria", enquanto uma indústria incluirá "Custo das mercadorias fabricadas".

3. Utilize uma codificação lógica e escalável

A estrutura de numeração deve seguir uma lógica hierárquica. Isso facilita:

  • A leitura dos relatórios;
  • A automação de processos;
  • A inclusão de novas contas no futuro.

Exemplo de codificação:

1.0.00 - Ativo

1.1.00 - Ativo Circulante

1.1.01 - Disponibilidades

1.1.01.01 - Caixa

1.1.01.02 - Bancos conta movimento

Dica: Use códigos com padrão fixo de dígitos, e nivele-os por grupo e subgrupo.

4. Documente regras de uso e classificação

Crie um manual interno do plano de contas com:

  • Descrição de cada conta;
  • Exemplos de lançamentos típicos;
  • Regras de classificação para cada tipo de transação.

Isso evita erros, retrabalho e divergências entre departamentos ou contadores.

5. Revise e atualize periodicamente

À medida que a empresa cresce ou muda seu modelo de negócio, é natural que novas contas sejam criadas e outras deixem de ser usadas.

Boas práticas:

  • Realizar revisões anuais;
  • Incluir auditorias internas na análise da estrutura;
  • Atualizar o manual com eventuais alterações.

Plano de contas referencial: uma exigência normativa

Para empresas tributadas pelo Lucro Real ou Lucro Presumido, a adoção do plano de contas referencial da Receita Federal é obrigatória, especialmente no envio da Escrituração Contábil Digital (ECD) por meio do SPED Contábil.

Esse plano tem como principal objetivo padronizar a forma como as informações contábeis são reportadas ao Fisco. Para isso, é necessário mapear as contas internas da empresa para as contas oficiais exigidas pelo governo, permitindo maior transparência, conformidade e automação na validação dos dados.

Além de ser um requisito legal, essa prática também contribui para a integridade das informações e a integração com sistemas de auditoria e fiscalização eletrônica.

Erros comuns ao criar um plano de contas

Evitar falhas na estruturação do plano de contas é fundamental para garantir confiabilidade nos registros contábeis e facilitar tanto o controle interno quanto a conformidade fiscal.

Entre os erros mais frequentes, destacam-se:

  • Excesso de detalhamento analítico, que pode gerar confusão e dificultar a manutenção do sistema contábil.
  • Falta de padronização nas nomenclaturas, códigos e classificações, prejudicando a consistência dos relatórios.
  • Ausência de integração com sistemas gerenciais como ERP e ferramentas de BI.
  • Duplicidade de contas, com nomes diferentes para a mesma finalidade.
  • Desatualização da estrutura, que deixa de refletir a realidade operacional da empresa ou as mudanças na legislação.

Manter um plano de contas bem estruturado, atualizado e alinhado com os padrões legais é essencial para assegurar a integridade das informações financeiras e apoiar a gestão estratégica da empresa.

Plano de contas contábil x Plano de contas gerencial

Mais do que atender às exigências legais, empresas financeiramente maduras vão além e adotam uma abordagem integrada entre o plano de contas contábil e o gerencial.

Essa estratégia, conhecida como plano de contas espelhado, permite a criação de visões paralelas da contabilidade, uma para cumprir as normas fiscais e outra para atender às demandas de análise, planejamento e tomada de decisão estratégica.

O resultado é uma estrutura contábil robusta e flexível, capaz de gerar:

  • Informações precisas para controle operacional
  • Indicadores financeiros confiáveis
  • Análises segmentadas por centro de custo, produto, projeto ou unidade de negócio

Unir as dimensões contábil e gerencial em um único sistema de contas é o que diferencia empresas com alta maturidade financeira e profissionais que buscam se destacar pela capacidade analítica e visão estratégica.

Consolidar Múltiplos Planos de Contas: um verdadeiro pesadelo sem a tecnologia adequada

Simplifique o processo de consolidação de diferentes estruturas contábeis em estruturas únicas, independentemente do número de empresas envolvidas. 

Ganhe uma visão integrada das operações financeiras, facilitando a gestão e análise de múltiplos planos de contas.

 

Conclusão

O plano de contas não é apenas um documento contábil é um instrumento estratégico de gestão.

Entender sua estrutura, adaptá-lo à realidade e complexidade da empresa, mantê-lo atualizado e integrá-lo aos sistemas gerenciais são atitudes essenciais para garantir confiabilidade nos dados, eficiência na análise financeira e tomada de decisão assertiva.

Além de atender às exigências fiscais e contábeis, um plano de contas bem construído permite visões gerenciais precisas, facilita o controle orçamentário, a apuração de resultados por centro de custo e o monitoramento de indicadores de desempenho.

Para profissionais da área financeira, dominar esse recurso é um diferencial competitivo que reforça sua capacidade analítica e contribui diretamente para a geração de valor dentro da organização.

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Fontes e Referências

Toda empresa precisa ter um plano de contas?
Existe um modelo único de plano de contas?
Como adaptar um plano de contas para um novo negócio?

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